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"A Linha do Tempo"
Exposição que permanecerá por longo período e que possibilitará aos visitantes belo e instrutivo passeio pelos meandros da história.
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Reportagem: Rafael Siviero
Imagem e cinegrafia: Rosi Bispo
para Opinião TV
captura de imagens e postagem: Inajá Martins de Almeida
acompanhe através do link - https://www.facebook.com/watch/?v=615171478943599
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"... as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão".
O ÁLBUM DAS BANDAS DE ARARAS E SUAS FACETAS
Engavetado por
décadas, notas apontavam edição. O tempo avançava. Seu compilador recolhia
fatos históricos que o tempo em si registrava, mas os registros permaneciam em
silêncio. A composição ainda requeria toques sutis que somente o tempo traria.
Vez ou outra a
gaveta se abria e ansiava tornar-se público aquele vasto calhamaço de notas.
Era a composição que se apresentava a frente do mestre que não pudera dar um
final a obra, porque o tempo avançava, acontecimentos apontavam novas notas.
Não se permitia a saída em rascunho para a edição impressa.
Seu idealizador,
consigo detinha o laurel dos álbuns; este lhe significava um fazer em notas;
não mais apontamentos de personagens e fatos que o passado registrava, mas de
uma vivência entre as notas do pentagrama, para as notas máximas de uma
composição de jurados que se levantava ante os trinados, os estacatos,
pianíssimos incríveis, movimento interior dinâmico, nível técnico elevadíssimo,
emoção estética; uma verdadeira escola de música; qualidade de músicos,
indiscutível. Participávamos da história... Vivenciávamos o momento, quantos em
êxtase.
Recolhia provas
contundentes em jornais, entrevistas, conversas, dados biográficos. Apontava o
século XX que adentrava quando biografava um jovem italiano que, ostentando a
batuta, arregimentava uma verdadeira plêiade de músicos mirins a tocarem como
“gente grande”.
Músicos que sob sua
regência já demonstravam em conquista durante os preparativos do Centenário da
Independência do Brasil, em São Paulo, no quartel da Força Pública, a garra de
um município – Araras – que já detinha em si a veia musical de um povo.
Este era o maestro
Francisco Paulo Russo, a inspirar outros maestros que o precederiam.
Maestro Pelegatta, aquele
que valorizava os mínimos detalhes, elevava seus músicos à excelência ; ousado
e tendo em mente o mestre Francisco Russo, que lhe apontara caminhos, alça a
batuta a patamares mais altos, quando traz para o município títulos, troféus e
premiações, regionais, municipais, estadual e o laurel nacional que consagraria
a cidade e sua Corporação como a Banda de Todas as Bandas, e o município que
tinha a melhor banda do Brasil. Maestro que cumpriria sua jornada e a batuta transmitiria a outros mais que o precederia
num mesmo diapasão; maestros que sobre si clamavam a responsabilidade do título
nacional. Resposta às habilidades.
Partiram os músicos
que dominavam seus instrumentos com a perfeição das notas afinadas, e que consigo
traziam à memória títulos e troféus conquistados, numa época em que se
respirava música em todos os cantos da nação, agora seus nomes, memórias de
suas ausências - lembranças. Partiram assim, integrantes da grande conquista
sem terem à mão registros passados que o tempo faria presente e os eternizariam
num álbum.
Amantes das retretas
que bailavam, rodopiavam ao repique de marchinhas, valsas, boleros, baiões,
angariavam valores para homenagear a corporação com símbolo em praça pública, a
Lira em bronze, num pedestal de mármore branco carrara, que saiam em carnaval, mesmo
fora de época, com faixas, aguardando os heróis nacionais que subiam em caminhões
de bombeiros a desfilar ao redor da praça. Estávamos em julho de 1977. Anônimos
que não puderam alcançar o álbum a registrar o momento festivo. Partiram...
Quantos.
Partira seu
idealizador, historiador de tantas edições, de tantas composições históricas,
jornalísticas, literárias, sem o sentir suas notas serem apreciadas pelos músicos
remanescentes, pelo público de sua cidade natal, pelos amigos, parentes, filha,
netos e bisnetos. O álbum em rascunho continuaria engavetado até ser encontrado.
Historiador, aquele
que se tornara detentor de álbuns editorados: futebol paulista, municípios –
Araras, Araraquara, Rio Claro, sai do cenário editorial deixando inédita obra
que viria quarenta anos após a grande conquista - 2017.
Partira seu
idealizador, mas legara sua maior herança à filha e sobrinha que, ao abrirem a
gaveta o som das notas se fez saltar em uníssono e as duas puderam se exercitar
na composição que agora ganhava outras mãos.
Não mais era um
concerto de um que pautava em seu affair solitário, seu fazer, registrar e editar
a história, mas de duas filhas que se tornariam muito em breve “filhas da
história”, cognome este que o jornalista Lucas Neri soube esboçar ao ar em
entrevista a TV.
E eis que o encontro
das duas filhas, de um lado Matilde, filha de Carlos Viganó o músico que
permaneceu por mais de sessenta anos na corporação, que viu chegar e partir
músicos, tantos, que fora alcançado pelo maestro Francisco Paulo Russo e, de
outro, Inajá, filha do historiador, acostumada aos apontamentos, aos registros,
aos títulos, às eloqüências, às fotos, aos encontros e, acima de tudo, a grande
paixão pela escrita, pela história, pelos personagens que o pai lhe apontava em
todos os momentos nos bastidores da vida cotidiana, o rascunho engavetado agora
ocupa o cotidiano das primas que se esmeram em avançar o tempo e trazer o
passado ao presente, num emaranhado de fatos, acontecimentos e personagens que
os anos comporiam.
Maestro Marco
Antonio Meliscki sai da sua posição de músico clarinetista, para ostentar a batuta
e levar a banda a patamares outros. Avança na linha do tempo e a
transforma em Orquestra – agora de sopros – aquela mesma banda que em 1910
despontava majestosa, com seus jovens que tocavam como “gente grande”.
A escola de Música “Carlos Viganó”,
decorridos os anos, viria cumprir o que um dos jurados, na época, almejara para
aquela que conquistava aplausos, risos, choros, emoções – “uma verdadeira
escola de música”.
O “Álbum das Bandas de Araras” agora
é a concreto. É a realização do sonho de um nas mãos de duas partícipes de
todos os acontecimentos, passado, presente com vistas ao futuro.
Agora, neste 2019, é a Linha do Tempo
a comemorar 28 anos da criação do Teatro Estadual de Araras a homenagear a
Orquestra de Sopros e o Álbum, o qual permitiu contar em linhas a trajetória
dos 140 anos de envolvimento musical e artístico, numa cidade que já despontava
vocacionada a arte e, claro, o Maestro Francisco Paulo Russo que legara o nome
ao Teatro e a Orquestra. Assim três homenageados numa mesma linha: Maestro,
Orquestra e Álbum.
O tempo, nessa linha idealizada pelo
jovem Daniel, insiste, persiste e não desiste em abrir gavetas. Futuro esperançoso, numa geração que já
desponta em notas e pautas, seguindo passos firmes e seguros o sonho iniciado
há mais de um século, quando um jovem de 16 anos emprestava seu dom e talento
ao município que nascia musical em seu cerne.
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