Texto de Inajá Martins de Almeida
Nelson Martins de Almeida dedica horas
intermináveis a compor, aquele que viria ser o Álbum das Bandas de Araras.
Precisar o início, quem sabe, pois que o
Álbum de Araras, edição 1948 (foto) traz matéria sobre a manifestação cultural em
torno da música, teatro, literatura que envolvia a cidade que já se apresentava
como celeiro para o culto às artes.
Adentro o texto e vejo meu pai
compenetrado em seu trabalho artesanal. Cola textos de jornais, fotos;
acrescenta outros tantos, esboça opiniões e pareceres. É o grande campeonato
nacional em concurso de bandas que lhe motiva nova obra - esta demora anos a
ser editada, mas acontece. Percorre tempo que se cobra - 1977 / 2017 (quarenta
anos que se pode contar).
Anos de dedicação presenciamos nossos pais. Matilde com o músico Carlos Viganó, eu Inajá com Nelson Martins de Almeida, meu pai. Pudemos então viver intensamente todos os momentos. Enquanto muitos ouviam falar, nós ocupávamos os bastidores, quiçá algumas vezes o palco; quantos valiam-se das plateias aos aplausos acalorados. [o "boneco" fora manuseado, estudado, digitado em computador, até sua impressão em 2017]
Capa original quando do "boneco", completamente modificada em sua edição final.
A Banda Campeã em seu uniforme se deixa fotografar na praça Barão de Arary - foto histórica de 1977
Colhíamos lembranças, testemunhas
oculares, mal supondo o tempo nos reservar adentrarmos o cenário em que nossos
pais tão bem versavam. Assim, aos poucos fomos nos acostumando com o legado. De
um lado, o esboço do Álbum, guardado entre outros tantos. De outro, o
protagonista que vivenciara as mais eloquentes expectativas a cada conquista no
embate musical.
[contra capas CD 1977 - Banda Campeã Nacional]
Se, de um lado um, Carlos Viganó, em campo
alavancava aplausos e comentários efusivos ante as apresentações, de outros,
Nelson Martins de Almeida, ocupava-se dos apontamentos, guarda dos registros,
formatação do “boneco” para edição futura.
Os protagonistas não alcançaram o livro
editado, entretanto, de posse de todo o material os registros participavam da
dinâmica que a história apresenta e clamavam pelos acontecimentos durante os
anos que avançaram em novos fatos.
No primeiro instante a timidez fez com que
parássemos a projetar o sonho de dois idealistas pela arte – Carlos e Nelson –
e motivadas por tantos acontecimentos que nos víramos envolvidas – a criação da
Escola de Música “Carlos Viganó, já vislumbrada pelo Maestro Francisco Paulo
Russo a formar plêiades de jovens músicos nos idos 1909; a homenagem pelos 100
anos de Carlos Viganó; a passagem de Corporação para Orquestra de Sopros, todos
esses fatores, ainda mais alguns músicos remanescentes de 1977 em nosso
convívio, deram subsídios para avançar em pesquisa. E as páginas puderam
suceder uma a uma e alcançar a marca de 200 (duzentas), entre registros, fotos,
lembranças memoriais e imemoráveis.
Assim, nesse breve encontro, podemos
afirmar que vivemos intensamente esses bastidores que, desde a ideia, uma conversa informal entre nós primas e
co-autoras do Álbum, até a sua concretização, imaginamos uns cinco anos de
muito prazer, envolvimento e comprometimento.
Agora podemos afirmar que o Álbum vive em nós.
Agora podemos afirmar que o Álbum vive em nós.
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