segunda-feira, 26 de agosto de 2019

CANTOS E CONTOS DO BRASIL - SARAU

No dia 25 de agosto de 2019, eis que Inajá e Matilde se apresentaram no Sarau Cantos e Contos do Brasil.

Projeto idealizado e mantido pela cantora lirica Aniela Rovani, contou com a presença de vários artistas que abrilhantaram a tarde.


O evento acontece sempre no quarto domingo de cada mês, em locais previamente determinados pela organizadora.

Desta vez fora o Centro Cultural Leni Zurita que recebeu toda a ação cultural. 
  
Na foto/cartaz os participantes
Rafael Cardoso - violonista
Aniela Rovani - cantora lírica
Daniel Danzi - contrabaixista
Luiz Carlos Bagatin - tenor
Evandro Luiz - pianista
Inajá Martins de Almeida - declamadoras
Matilde Ap.Salviato Viganó - declamadoras


Inajá e Matilde declamam o que fora 
Os Bastidores da criação do Álbum das Bandas de Araras




I

Vasto material engavetado
Registros em memória
Século e meio guardado
As primas a dialogar
Todo resgate da história
Haveriam de publicar.



II
Imbuídas de tanta lembrança
O presente a contemplar
Belos tempos de criança
Pula corda, amarelinha
O som de metais a soar
Na mente, agora vinha

III
Matilde , da praça a retreta
O pai “Lico” a musicar
Em solo de clarineta
Pianíssimos, graves
Envolto a trinados suaves
A tantos fazia chorar.

IV
Inajá, de pai Historiador
Que Álbuns eternizara
Observava com tremor
Há tempo o calhamaço
Em que o pai trabalhara
Num ritmado compasso.




V
E eis que o que falavam
As paredes escutavam
E em realidade tornavam
O sonho que projetavam

VI
O rascunho que a filha detinha,
Por tempo engavetado
Fato histórico para a cidade
Premiação nacional em verdade,
Preciosa história continha
Em breve a ser revelado.

VII
A imagem do tio presente
Sua postura de músico
Cônscio de sua arte - único
Jamais estivera ausente
A lembrança solta corria
A mente em sonho se abria.

VIII
Assim o tempo avançava
Envolto a tantos diálogos
Outros mais em monólogos
Pois, na cabeça das duas
Ao álbum, contribuições suas
Requeria matéria pesquisar.


IX

Matilde passara então
Longos momentos a visitar
Remanescentes do campeonato
Que se deixavam entrevistar
Pois, ao histórico fato
Esses faltar poderiam não.

X

Assim dia após dia
Imersas em árduo trabalho
O tempo não se contava
Apenas o que importava
Amealhar retalho
Ao álbum que crescia.


XI
Noites de insônia
A frente do computador
Entre lágrimas, a compor
Inajá silente permanecia
Enquanto do calhamaço saltava
A história que se contava.

XII
Matilde a remexer
Jornais amarelecidos
História que a requerer
De alguns, relato pessoal
Músicos reconhecidos
Ao álbum rico material.

XIII
Musicavam o conteúdo
Sete capítulos como se fora
Sete notas musicais
Generosas páginas ritmais
Davam ao volume, agora
Um contexto bem graúdo.


XIV

E eis que numa tarde ensolarada
Aos últimos suspiros de inverno,
Uma platéia em êxtase aplaudia
A biblioteca o evento acolhia
A Orquestra ao tempo transformada
O álbum das Bandas, real, eterno.

XV

Agora neste momento presente
Inajá e Matilde, primas irmãs
Que dos pais a melhor herança
Coubera como lembrança
Nessas tardes e cálidas manhãs
Do presente o melhor presente.


XVI

E, se Entre Cantos e Contos do Brasil,
Nossa mensagem pudera chegar
Aniela, toda sorriso e encanto
Com este público envolvente
Atento, amável, sorridente
Nossa tarde pode colorir de anil.






XVII
E é com muito fervor
Que nos despedimos então
Entre acalorados abraços
Repletos de muito amor
Preenchido o coração
Com o perfil de teus traços.








quarta-feira, 14 de agosto de 2019

domingo, 11 de agosto de 2019

PALAVRAS DE UMA FILHA

Por Inajá Martins de Almeida


Meu pai. Vejo tua idade avançar. Quieto, absorto em leituras, compenetrado em pensamentos. Ora lê. Ora escreve. Pouco fala. A audição e os passos lentos lhes dão sinais da longevidade, mas a mente mostra lucidez aguçada, que o tempo não corrompe. 

Meu pai. Olho para ti e vejo o homem vigoroso do passado; Historiador a buscar a veracidade dos fatos históricos, minucioso em teus apontamentos e edições que se multiplicaram ao longo de tua jornada. 


Meu pai. Percebo em ti, que são poucos os que se dedicam a ouvir histórias - quantas puderas ouvir de mim; assim como também são poucos os que se dedicam a contar histórias - quantas me puderas contar - e, por serem poucos, são raros, verdadeiros e necessários. 

 Meu pai. Neste dia elegido a todos os pais, rememoro teus passos firmes e seguros, aqueles que forjaram a criança em mulher que me tornei.

Meu pai. Resgato, em minha memória, tua preocupação, teus derradeiros dias, olhos marejados a fitar os meus, ao sentires a partida breve, eminente - eu a desconversar.

Meu pai. Decorridos anos de tua partida, este dia, esta comemoração, ainda que rodeada a tantos pais, não tem mais o mesmo sabor. Tua ausência me requer momentos de nós – e foram tantos. 

Meu pai. Neste momento, entretanto, o que forte me vem às linhas é aquela nossa última conversa; teu olhar entristecido a mirar o meu; teu cuidado e zelo de sempre a observar meus passos; tua fala em sussurro, baixinho a inquirir: 

 _ Você ficará bem? 

 Meu pai. E, ainda que embargada por lembranças tantas, se estou a escrever, é porque tuas mãos me encaminharam aos primeiros passos, às primeiras letras e a elas recorro para expressar minha eterna gratidão  – meu pai, meu verdadeiro herói. 

Pois saiba, pai, que há pessoas que partem, apenas partem; há pessoas que partem e se vão, entretanto, há pessoas que se vão e não partem...


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Neste dia 11 de agosto de 2019 - Dia dos Pais - a motivação forte me sobreveio aos compor algumas palavras ao meu pai, aquele que ausente se torna tão presente. 


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