LIVRO CONTA HISTÓRIA DAS BANDAS DE ARARAS
Inajá Martins de Almeida -
artigo publicado na Tribuna do Povo em 29/04/2017 - caderno Espaço Arte
2017 - No ano em que a Corporação Musical “Maestro Francisco Paulo Russo” comemora 40 anos de sua conquista máxima – Campeã Nacional em Concurso de Bandas / 1977 – a municipalidade ararense é premiada com a edição do Documentário Histórico das Bandas de Araras, o mais completo Álbum editado, dentro do município.
Nelson Martins de Almeida –
Historiador – editor do Álbum de Araras em 1949, novamente se faz presente.
Falecido em 2012, aos 94 anos, deixa o Álbum, e a maior parte do seu conteúdo.

As primeiras décadas do século XX
se vêem envolvidas por fatos marcantes que a História registraria. Era o ano de
1922. Os festejos do centenário da Independência do Brasil levariam
o Maestro Francisco Paulo Russo e
sua Corporação Musical Carlos Gomes conquistar o primeiro prêmio para Araras,
competindo com outras bandas na capital paulista.
As décadas se compõem; os
registros guardam informações sobre os anos que antecedem a grande premiação.
Agora no cenário o Maestro Francisco Paulo Russo cede a batuta ao seu discípulo
Maestro Alfredo Alexandre Pelegatta, que, em momento algum lhe trairia a
entrega.
Os capítulos, são eles que se
harmonizam, registram a história de cento e trinta e seis anos de manifestações
bandísticas na cidade, apontam Bandas, Conjuntos e Orquestras através dos
tempos. Conquistas, premiações e homenagens adentram o cenário quando a referenciar
maestros que para Araras conquistaram títulos: Francisco Paulo Russo em 1922 e
Pelegatta em 1977; músicos homenageados pela conquista máxima, pelos anos em
atividade; músicos em atividade.
A contar a criação e entrega da
Lira, em praça pública, em 1980, quando a homenagem se fez de todos os
munícipes aos músicos que de forma tão brilhante, receberam da crítica musical
os mais elogiosos comentários. E como é bom rememorar:
- “Capacidade de domínio instrumental”, dizia Alceu Boschino;
- ”Maior nível técnico em banda que se viu no Brasil... É realmente uma
sinfônica”, desta vez o Maestro Julio Medaglia.
E seguimos. Compassados, ritmados seus
capítulos e eis que somos surpreendidos por fragmentos biográficos dos maestros
eméritos que elevaram Araras a patamares nacionais – Francisco Paulo Russo
(1922), Alfredo Alexandre Pelegatta (1977); músicos inspirados e inspiradores
como o foram Hugo Montagnolli e família, Luiz Carlos Morgili, José Barbosa de
Brito, Carlos Viganó e Marco Antonio Meliscki
que, jovem, reconhece a conquista do campeonato nacional, ingressa na
corporação, sem imaginar que o futuro lhe reservaria a batuta. Ademais, sua
jovialidade, modernidade e profundo conhecimento e comprometimento musical
configura a Banda caráter orquestral e a transforma em Orquestra de Sopros
Maestro Francisco Paulo Russo.
Antonio Carlos Gomes que durante longo
período emprestara o nome a Corporação em município ararense não se faz
esquecido pelo autor/historiador, quando dos apontamentos; como Corporação
Musical “Carlos Gomes”, sagra-se campeã na capital paulista, nas festividades
em 1922.
Assim é que o Álbum das Bandas de
Araras pode ser dividido em duas fases: a primeira entre 1879 até 1977; a
segunda, os anos que seguiram o pós-campeonato nacional até a configuração da
Banda a se transformar em Orquestra de Sopros de Araras “Maestro Francisco
Paulo Russo” em 2013.
As organizadoras, co-autoras e
primas, em parentesco familiar, Inajá Martins de Almeida (filha do Historiador)
e Matilde Ap.Salviatto Viganó (filha do músico Carlos Viganó), decorridos os
anos entre a conquista e a atualidade, puderam avançar em pesquisas,
entrevistas, fotos, fatos curiosos.
A Escola de Música “Carlos
Viganó”, vislumbrada por um dos jurados, durante as fases
eliminatórias, há quatro décadas, concretiza-se em 2013.
Era o músico flautista Celso
Woltzenlogel, emocionado, pois, diante
dele, estava
- “uma banda que poderia cumprir perfeitamente o papel de uma escola de
música em Araras”.
Era também o sonho do maestro
Paulo Russo a se concretizar.

Cria-se então a Escola de Música
Carlos Viganó, com o objetivo de formar
músicos para as corporações vindouras.
Assim é que, não há como separar o Álbum de seus
personagens, protagonistas que enredaram o tecer dos registros elencados,destas
co-cooperadoras da obra, testemunhas dos bastidores.
Se de um lado o escritor/historiador Nelson Martins de Almeida (foto) entre registros, apontamentos e notas amealhou toda a gama de informações possíveis para compor este trabalho, de outro, Carlos Viganó, veterano em atividade bandística, pode ultrapassar décadas, aprender com seus maestros, ousar a batuta, fazer escola, emprestar o nome à Escola e ao Álbum das Bandas, em uníssono a tantos nomes que o compõe – separação impossível.

E, num momento festivo, nestes quarenta anos decorridos entre 1977 e 2017, as organizadoras entregam a obra que demandou anos de pesquisa, paixão e envolvimento, como num concerto a quatro mãos harmoniosamente executado.
Legado este que se espera continuidade de
propósito, uma vez que o trabalho há que se perpetuar através dos que a frente
segue.
Que a este breve encontro outros tantos possam vir
somar, porque ao leitor o cenário se mantém aberto. Gavetas possam ser abertas.
Caminhos outros possam ser percorridos. Porque a História não se permite ponto
final. Cabem-lhe as reticências.
A nós, até aqui pudemos chegar e ao entregar este
Documentário Histórico sobre as Bandas de Araras em forma de álbum, também
podemos nos expressar:
“vivemos o
Álbum, durante todo esse tempo, em sua plenitude, agora o Álbum, não há como
negar, vive em nós”.
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INAJÁ
MARTINS DE ALMEIDA
Nasceu em Rio Claro em
1950, momento em que o pai Nelson Martins de Almeida editava o Álbum de Rio
Claro. Na capital paulista faz seus primeiros estudos e, na adolescência, junto
aos pais e irmão, volta a residir no interior; desta vez Araras e São Carlos;
nesta última gradua-se em Biblioteconomia e Documentação, título este que lhe
facultaria desenvolver inúmeros trabalhos, em bibliotecas públicas, privadas e
universitárias. Os livros a levariam a projetos de implantação de bibliotecas e
às salas de aulas em dias atuais. O
gosto e o prazer por livros, leitura, música e artesania, vieram pelos pais que
desde cedo a conduziria às linhas – dos livros – pelo pai; das agulhas, pela
mãe Dalila Salviato de Almeida, ambos nascidos em terras ararense.
Nasceu em Araras, em
15 de outubro de 1955. Filha de Carlos Viganó e Olga Salviato Viganó. Formada
em Ciências Sociais, com especialização em Sociologia. Trabalhou durante 25
anos na Prefeitura Municipal de Araras.
As Organizadoras
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A música lhe fora incutida desde o ventre materno, quando o
pai, hábil e amante da divina arte, envolvia a bebê em enlevos musicais. E
crescia a menina a se aplicar ao piano, estudo que por algum tempo lhe faz
conhecer o universo da teoria, dos compassos, das melodias a dedilhar, ora ao
violão, ora ao piano e teclado. Mas não lhe tornaria estudante regular: entre
idas e vindas não se completou o estudo, mas jamais a fez apartar do
instrumento, piano digital, que arrisca em manter presente, dando-lhe como hobby.
A música lhe presentearia o filho David, a nora Patrícia – Musicoterapeutas – a
neta Rafaela. Na editoração, seus primeiros passos quando a organizar, junto à
prima Matilde este ensaio em forma de documentário histórico, que o pai a ela
deixa como legado maior por uma existência entre livros, história e memórias
que o tempo perpetua em edição.
MATILDE APARECIDA SALVIATO VIGANÓ
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Não exerceu a profissão de Socióloga, mas sempre aplicou seu
conhecimento em suas atividades profissionais, em trabalhos voluntários.
Hoje, aposentada, tem seu tempo dividido entre trabalhos
voluntários e estudo de música. No trabalho voluntário, procura ajudar com
trabalhos manuais – tricô e crochê, arte manual que aprendeu com sua mãe.
Cresceu ouvindo seu pai tocar. Estudou violão clássico por 7
anos, depois teclado. Passou o tempo, e desde 2014 voltou estudar música, agora
piano, instrumento encantador que preenche
momentos livres.
O encontro com a prima Inajá lhe fora interessante e
desafiador. As duas tinham algo em comum: o parentesco próximo, o envolvimento
com a divina arte, os pais. De um lado, o pai, Carlos Viganó e seu longo
percurso na arte bandística em Araras, de outro lado o tio, Nelson Martins de
Almeida, Historiador de Araras, que parte aos 94 anos, mas deixa inédita obra
sobre as Bandas da cidade de Araras. Pronto, formava-se assim dueto que, em
uníssono passam a organizar e co-autorar – o Álbum das Bandas de Araras –
Documentário Histórico.
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Artigo de Inajá Martins de Almeida, publicado no Jornal Tribuna do Povo - caderno Espaço Arte em 29 de abril de 2017 - jornalista Rebeca Petrucci
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